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domingo, 26 de agosto de 2018

Reunião do livro: Longe deste insensato mundo, de Thomas Hardy


De  volta ao jardim, seguiram as flores! De volta ao jardim, sem hesitar, repartiram. De volta ao jardim do coração, elas se reuniram.


Em 25 de Agosto, no restaurante fazenda À Mineira.

Muitos foram as deliberações, seguem abaixo alguns dos principais tópicos.

1  - A complexidade de Bathsheba Everdene, que pode ser comparada a de  Elizabeth Bennet. Como pode um homem do século XVIII descrever tão bem a  versatilidade de uma mulher independente, vaidosa, inteligente,  inconstante e indomável? Thomas Hardy cumpriu essa tarefa com muito talento. Um grupo de leitoras do século XXI, pôde admitir esse talento com veracidade e unanimidade. Para além do ato da descrição, a apreensão da forte tendência feminina em escolher um amante chamado de "bad boy" foi alvo de discussão. É evidente que todas do grupo de leitura afirmaram que Gabriel Oak era de longe a melhor opção de Bathsheba. Ela é que não o merecia. Confessamos  que no primeiro momento, a maturidade nos chama ao bom senso de nunca se deixar levar por elogios e sentimentos sexuais em detrimento do caráter e índole. Ainda assim, à mesa, também reconhecemos que não é simples julgar Bathsheba quando se está dentro da situação.



2 - Os candidatos de Bathsheba.
Tanto  Gabriel Oak quanto William Boldwood são retratados como personagens decentes e pacientes. Eles se dividem em alguns pontos discutidos: a teimosia e obsessão de Boldwood e a mansidão e fidelidade extraordinárias de Oak.  Boldwood é retratado como alguém que traz o comércio de fora, por isso é  mal visto pelas pessoas, já Oak representa os valores do homem do campo,  então é estimado por todos.
Troy é um personagem razoavelmente comum, geralmente  reproduzido como o cafajeste imoral, conquistador etc. Ele cabe entre  as descrições de John Willoughby de Razão e Sensibilidade e Mr. Wickham de Orgulho e Preconceito, entretanto, não tem habilidades suficientes para conquistas duradouras.

3  - O sargento Troy é o personagem mais sexualizado no livro e por isso  sensualiza a protagonista. Até então, Bathsheba não havia despertado  sexualmente. Na mente de Bathsheba, os outros pretendentes oferecem a ela o que já possue, por isso, através de suas lisonjas e atitudes não-cavalheirescas  Troy seduz Bathsheba ao desastroso casamento.
Um ponto muito  interessante levantado pela Inês foi a assiduidade de ocasiões em  que se vê Troy com seu uniforme. Todas as vezes que ele vai conversar com Bathsheba, ele coloca seu uniforme vermelho. O símbolo do uniforme  carrega autoridade, respeitabilidade, credibilidade e estabilidade, tudo  que Troy é desprovido. Deste modo, quando ele veste seu uniforme é como se  trajasse uma fantasia para ser alguém que não é, representar  características que não possui.
Outro ponto é a espada que  ele saca e manuseia por vezes no livro. A espada pode ser um símbolo do falo, e o  jovem sargento a usa para demonstrar a Bathsheba suas habilidades  masculinas. Portanto, na tentativa de seduzi-la (ainda  possivelmente apaixonado por Fanny Robin) Troy usa de palavras, declarando em alta voz a beleza e brilho de Bathsheba, veste sua honrada  fantasia de sargento e empunha sua arte na espada.

Vários outros detalhes foram conversados e explorados, porém ficamos por aqui nessa postagem e assim não a tornamos deveras longa.

Para demonstrar nosso carinho por essa maravilhosa obra, segue abaixo um video clipe em homenagem à Gabriel Oak.




Música de Daniel: Que era eu.
Filme de Thomas Vinterberg, lançado em 2015: Longe deste insensato mundo.