Meninas
e amigas, flores lindas do jardim de Jane!
Eu
devo dizer que o quarto encontro foi algo muito, mas muito
maravilhoso! A preceptora era Di, e como sempre, ela nos deu um
estudo sobre literatura. Nesse caso, a melhor literatura! (na minha
opinião, claro! :)
Marcamos
na mimosa padaria Pão de Ló, com suas guloseimas de engordar em
dois olhares até Gisele Bundchen, e uma companhia adorável!
Vamos
lá!
Último
romance completo de Jane, publicado póstumamente em 1818.
Começamos
dizendo que se pode ler Jane como uma simples história de amor, no
entanto o mais importante (necessário até) é entende-la como uma
reflexão social. Não podemos nos esquecer disso!
Os tipos criados,
são os tipos com quem ela conviveu.
Baronete,
título do pai de Anne Elliot, Baronete Sir
Walter
Elliot, era um título quase como Barão, título de nobreza, que
poderia ser adquirido por família ou concedido como herança.
Como
esse romance vem do final da vida de Jane, ele chega despojado das
ilusões da primeira juventude. Sua heroína Anne não tem
nada de Cinderela. Ela é uma mulher madura, que reflete as escolhas
do passado.
Percebe-se
que suas atitudes quanto ao rompimento do noivado com o cavaleiro
Wentworth foram tomadas pelo medo da insegurança no futuro - considerando a
posição das mulheres naquele época.
Já
sua irmã, Elizabeth Elliot, expressa bem o orgulho e a vaidade que o
pai Baronete transbordava.... O que era aquele homem e os espelhos?
Mary
Elliot, por sua vez, não tem discurso algum a não ser a repetição
da sociedade. Bem, é o que ela é capaz de fazer, não é? Repetir!
Pobrezinha...
Lady
Russell, uma personagem interessante - palavras de Di - ela tem
consciência de muita coisa, contudo é por demais presa às regras
sociais.
Di
ressalta que essa época em que o livro foi escrito é uma época de
transição para o casamento - regrado pelas condições sociais
imposta a homens e mulheres. O casamento por amor, extremamente
raros, começa a surgir mais.
Lembramos
ainda que a noção do amor romântico (aquele amor idealizado)
nasceu na idade média, com a literatura de cavalaria, a literatura
cortês, por volta do século 10-11, acrescenta Di. Começando na
França e Espanha e ligado com o culta à Maria.
Comentamos
também, com longos risos, sobre a consumação praticamente pública
dos casamentos daquela tempo....
Das
leituras de Di, ela também ressalta a observação de um psicólogo: “a manutenção do ideal do
amor romântico pela Anne Elliot reflete a preocupação que Jane
Austen tinha em mostrar a sobrevivência do indivíduo sensível
dentro de uma sociedade medíocre.” Anne é o espelho de uma pessoa
sensível que geralmente se isola, e que dentro de sua observação consegue
entender a base das atitudes da maioria das pessoas.
Os
Musgrove são pessoas boas, mas não têm noção de nada além de
seu círculo social.
O
Benwick é o próprio retrato o amor romântico, diz Di. Aqui notamos que a poesia ainda é mais importante do que a prosa naquela
época. A prosa estava em ascensão.
Outro
detalhe muito importante foi a comparação entre Wentworth e
anteriores a ele. Assim como Anne não foi retratada como a
Cinderela, Wentworth também não foi retratado como o príncipe
encantado, seus traços deixam bem claro que ele é homem. Mr.Darcy e
Mr.Tilney foram descritos mais próximo desse ideal masculino
juvenil, no entanto Wentworth carrega as caraterísticas e atitudes
de um homem, por vezes bem arrogante e magoado, por vezes
incompreensível e instável.
Di
fez mais uma colocação de suas leituras, e começamos um debate
através dela:
Por
que ainda lemos Jane Austen hoje em dia?
Não
porque conseguimos comparar a nossa situação com a daquela era,
mas pelo nível de observação registrado em suas obras.
Conseguimos encontrar as equivalências observadas por ela e perceber
sua extrema atualidade. Principalmente nesse livro a mediocridade da sociedade, os personagens
tipos que continuam nos rondando (nesse cenário estamos para Jane,
como… Deixa pra lá! … Brincadeira!) etc.
Jane
Austen é simplesmente brilhante! E como muitos já disseram, ela nos
ajuda a desenvolver um olhar analítico; ela pode ser considerada
nossa lente de aumento para os detalhes fundamentais que passariam
desapercebidos e nos causariam muitos problemas. Ela nos ajuda a
entender a natureza humana.
Aqui vai também, um vídeo que fiz para nosso casal: Anne e Cap. Wentworth.
Espero
que gostem!
Bjs
em seus corações,
Mia
Ps:
Ale e Manu, eu gravei o audio para vcs, tá?